Com a rápida evolução das ciberameaças, o pentest em aplicações web tornou-se uma prática essencial para proteger sistemas expostos à internet.
Mais do que identificar falhas técnicas, um pentest bem-executado oferece uma visão realista e contextualizada das vulnerabilidades que podem ser exploradas por agentes maliciosos.
Ao simular ataques reais, ele revela brechas que comprometem a confidencialidade, integridade e disponibilidade de dados e aplicações.
Neste artigo, exploraremos o que é um teste de penetração em aplicações web e por que ele é fundamental para a segurança desse tipo de software.
Também abordaremos as quatro etapas principais desses testes, além das boas práticas que garantem a efetividade do processo.
1. O que é um pentest em aplicações web?
Existem diferentes tipos de pentest, cada um voltado a áreas específicas da infraestrutura, como redes, APIs, dispositivos móveis e aplicações web.
O pentest em aplicações web é uma avaliação controlada e sistemática que identifica, explora e documenta vulnerabilidades em sistemas acessíveis via navegador, simulando ataques reais.
Ao contrário das análises automatizadas, o pentest vai além da simples detecção de falhas.
Ele verifica se a vulnerabilidade pode ser explorada, seus impactos reais e como mitigá-la.
Esse tipo de avaliação costuma focar em falhas clássicas como injeção de SQL (SQLi), Cross-Site Scripting (XSS), quebra de autenticação e exposição de informações sensíveis.
Muitas dessas vulnerabilidades estão listadas no OWASP Top 10, uma das principais referências globais em segurança de aplicações.
Leia também: Tipos de pentest: panorama das categorias e estilos de testes de penetração
2. Por que realizar pentest em aplicações web?
Com a digitalização dos negócios, as aplicações web se tornaram um dos principais vetores de ataque.
Isso ocorre porque, muitas vezes, essas aplicações se conectam a bancos de dados, serviços internos e sistemas de autenticação.
Isso pode fazer com que funcionem como verdadeiras portas de entrada para o restante da infraestrutura corporativa.
A realização periódica de testes de penetração traz uma série de benefícios, entre eles:
- Redução de riscos: ao identificar e corrigir falhas antes que sejam exploradas por agentes maliciosos;
- Adequação regulatória: conformidade com normas como a LGPD, ISO 27001 e PCI-DSS;
- Fortalecimento da cultura de segurança: ao inserir práticas de segurança no ciclo de vida de desenvolvimento (SDLC);
- Mitigação de impactos financeiros e reputacionais: prevenindo vazamentos, indisponibilidades e danos à imagem da empresa.
Pentests realizados de forma recorrente, especialmente em ambientes com atualizações frequentes, são uma das práticas mais eficazes e econômicas para proteger ativos digitais críticos.
3. Quatro etapas de um pentest em aplicações web
Um teste de penetração eficaz é dividido em etapas bem estruturadas, que vão desde o levantamento de informações até o suporte à correção de vulnerabilidades.
Abaixo, detalhamos cada fase.
3.1. Coleta de informações para reconhecimento
Essa etapa tem como objetivo mapear a aplicação e obter o máximo de informações úteis sobre seu funcionamento, estrutura e tecnologias empregadas.
O reconhecimento pode ser feito de forma passiva (sem interação direta com a aplicação, como análise de metadados e buscas em mecanismos de pesquisa) ou ativa (com varreduras e testes que interagem com o ambiente alvo).
Ferramentas como Google Dorks, Shodan, Nmap, Nslookup e Burp Suite são amplamente utilizadas nesse processo.
O objetivo é mapear ativos como IPs, subdomínios e headers HTTP, coletando dados úteis para orientar as etapas seguintes do ataque simulado.
Esse mapeamento inicial é essencial para que o pentester entenda como a aplicação está construída e quais vetores de ataque podem ser explorados.
3.2. Pesquisa e exploração de vulnerabilidades
De posse dos dados obtidos na etapa anterior, inicia-se a fase de exploração.
Aqui, o objetivo é encontrar vulnerabilidades reais e comprovar sua explorabilidade.
As falhas mais comuns exploradas incluem:
- Injeção de SQL (SQLi): manipulação de consultas ao banco de dados;
- Cross-Site Scripting (XSS): injeção de scripts maliciosos;
- Cross-Site Request Forgery (CSRF): forçar ações indesejadas em nome do usuário;
- Quebra de autenticação: acesso indevido por falhas em sessões, cookies ou senhas fracas;
- Exposição de dados sensíveis: como informações pessoais ou credenciais em texto plano.
As ferramentas utilizadas variam de acordo com os vetores identificados.
Entre as mais comuns estão:
- Burp Suite: interceptação, análise e modificação de requisições HTTP;
- SQLMap: automação de testes de injeção SQL;
- Hydra e John the Ripper: testes de força bruta e quebra de senhas;
- W3af, Nikto e Skipfish: scanners de vulnerabilidades específicas para aplicações web.
O diferencial dessa fase está na capacidade do pentester em combinar múltiplas vulnerabilidades de forma estratégica.
Um exemplo é utilizar um XSS para roubar cookies e, assim, acessar uma conta com privilégios administrativos.
3.3. Relatório e recomendações
Após a exploração, todos os achados devem ser documentados de forma clara, objetiva e técnica.
O relatório é essencial, pois orienta desenvolvedores, times de segurança e gestores na priorização e correção eficaz das vulnerabilidades identificadas durante o pentest.
Um bom relatório deve conter:
- Descrição da vulnerabilidade: o que é, onde foi encontrada e por que representa um risco;
- Riscos associados: o que pode acontecer caso a falha seja explorada;
- Método de exploração: detalhes técnicos e evidências da exploração;
- Classificação de severidade: geralmente baseada em métricas como CVSS ou categorização própria (alta, média, baixa);
- Recomendações de correção: orientações práticas para eliminar ou mitigar a falha.
O ideal é que o documento seja dividido em duas partes: uma técnica, com detalhes para desenvolvedores, e uma executiva, com um resumo estratégico para tomadores de decisão.
3.4. Remediação e suporte contínuo
Após a entrega do relatório, inicia-se a etapa de correção.
No entanto, é comum que as equipes encontrem dificuldades para implementar todas as mudanças de forma imediata.
Por isso, é fundamental priorizar vulnerabilidades críticas — como aquelas que permitem execução remota de código, elevação de privilégios ou vazamento de dados sensíveis.
A equipe de segurança deve trabalhar em conjunto com os desenvolvedores para validar os patches aplicados.
Isso inclui testar novamente as vulnerabilidades corrigidas (retesting) e verificar se nenhuma nova falha foi introduzida no processo.
Além disso, é importante adotar uma postura de segurança contínua.
Pentests devem ser realizados com frequência, especialmente após grandes atualizações, integrações com APIs externas ou mudanças na infraestrutura.
4. Boas práticas para pentests em aplicações web
Para que os pentests em aplicações web gerem valor real para a segurança da organização, é fundamental adotar um conjunto de boas práticas que orientem sua execução de forma eficiente, segura e colaborativa.
- Definição clara de escopo: antes de iniciar o teste, é essencial definir com precisão quais aplicações, APIs, endpoints e funcionalidades serão avaliadas. Um escopo bem delimitado evita testes irrelevantes, minimiza riscos e garante que o pentest atenda aos objetivos e às prioridades da organização;
- Alinhamento com o time de desenvolvimento: a comunicação entre a equipe de segurança e os desenvolvedores deve começar antes da execução do teste. Compartilhar objetivos, métodos e prazos contribui para um ambiente mais colaborativo e facilita a correção das vulnerabilidades após o relatório;
- Uso de ambientes seguros e controlados: sempre que possível, os testes devem ser realizados em ambientes de homologação ou testes. Isso evita a interrupção de serviços e a exposição indevida de dados em produção;
- Priorização baseada em risco real: nem todas as vulnerabilidades têm o mesmo impacto. A correção deve considerar o potencial de dano e a probabilidade de exploração. Vulnerabilidades críticas e que permitam execução remota de código ou acesso não autorizado devem ser tratadas com prioridade máxima;
- Integração ao ciclo de desenvolvimento (SDLC): incorporar o pentest como parte regular do ciclo de desenvolvimento é uma das maneiras mais eficazes de prevenir falhas antes do deploy. Testes contínuos garantem melhorias constantes na postura de segurança da aplicação.
5. Conclusão
A segurança de aplicações web não pode ser tratada como um esforço pontual, mas sim como uma prática contínua dentro da cultura organizacional.
O pentest é uma ferramenta estratégica que permite identificar riscos reais antes que cibercriminosos possam explorá-los.
Ao simular ataques controlados, ele fornece insights valiosos sobre as vulnerabilidades mais críticas de uma aplicação.
Quando realizado com método, escopo claro e alinhamento entre as equipes, o pentest gera resultados tangíveis para a segurança do negócio.
Integrar essas práticas ao ciclo de vida do desenvolvimento fortalece a resiliência digital e reduz custos com incidentes futuros.
Dessa forma, empresas se posicionam de maneira proativa frente às ameaças, protegendo dados, reputação e continuidade operacional.
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