[DZ Insight 2025] Como proteger o setor de logística contra ciberataques

Entenda os desafios de cibersegurança enfrentados pelo setor de logística e explore estratégias para fortalecer a resiliência nesse campo.

25 de Fevereiro 2025 | 15:50

Aprox. 11 minutos de leitura.


A cibersegurança é essencial em todos os setores, com desafios que variam conforme as características de cada área e os principais vetores de ataque.

Para abordar essa diversidade, a equipe de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Diazero Security criou o projeto DZ Insight.

Essa iniciativa abarca artigos que analisam desafios de cibersegurança em diferentes setores, oferecendo informações detalhadas para ajudar profissionais a mitigar riscos específicos.

Nosso objetivo é compartilhar conhecimento gratuitamente, auxiliando organizações e especialistas a entender melhor as ameaças e se preparar para os desafios da segurança digital.

Indústria

A cibersegurança logística está se expandindo além das áreas tradicionais de transporte marítimo, operações portuárias e alfândega.

Atualmente, ela abrange toda a cadeia de suprimentos, incluindo a indústria manufatureira e o transporte doméstico. 

Essa segurança pode ser dividida em várias categorias, como segurança física, controle de acesso, segurança no transporte da cadeia de suprimentos, segurança humana, manuseio de cargas, processamento de documentos e informações, e segurança dos parceiros comerciais.

Se antes o foco estava principalmente na segurança física, a transformação digital emergiu como um desafio central, impulsionando o uso de tecnologias avançadas, como inteligência artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT). 

Essas inovações tornaram as redes logísticas mais interconectadas, ampliando o alcance da cibersegurança para todos os pontos onde dados e operações são processados.

O relatório Cyber in Logistics 2024 revela que os ataques cibernéticos no setor cresceram 700% desde 2020. 

No segmento de transporte marítimo, os ciberataques à tecnologia operacional aumentaram 900%.

Além disso, o relatório Cybersecurity for Transport and Logistics Industry 2020 revela que 38% das empresas de logística possuem dúvidas sobre segurança e privacidade de dados. 

Apenas 35% dos fornecedores de serviços logísticos possuem um CISO, e 55% dos funcionários do setor não se sentem preparados para lidar com um ciberataque.

O uso crescente de IoT, automação e IA ampliou a superfície de ataque, tornando as cadeias de suprimentos ainda mais vulneráveis. 

Cibercriminosos exploram pontos fracos nessas infraestruturas críticas, utilizando técnicas sofisticadas para comprometer operações essenciais.

Esses fatores evidenciam a necessidade urgente de medidas preventivas e estratégias robustas de proteção.

Desafios

Os principais desafios enfrentados pelo setor de logística incluem:

Ameaças Crescentes de Ransomware

O ransomware continua sendo um dos principais riscos para empresas de logística. 

Com a crescente dependência de sistemas digitais, ataques desse tipo podem interromper totalmente operações críticas. 

Segundo o Cyber in Logistics 2024, os ataques de ransomware aumentaram 700% em 2020, impactando severamente transportadoras e cadeias de suprimentos globais. 

Empresas como a KNP Logistics enfrentaram falência devido à incapacidade de recuperar seus sistemas após um ataque. 

A implementação de backups imutáveis, autenticação multifator (MFA) e segmentação de redes pode reduzir significativamente esses riscos.

Falhas na Segurança de Terceiros e Parceiros

O setor de logística depende fortemente de uma ampla rede de fornecedores, transportadoras e parceiros. 

Essa interdependência cria vulnerabilidades, pois um ataque a qualquer elo da cadeia pode comprometer toda a operação. 

O Cyber in Logistics 2024 destaca casos em que empresas foram afetadas por brechas em fornecedores menores. 

Para mitigar esse risco, é essencial adotar um modelo de segurança zero trust, realizar auditorias regulares e exigir padrões mínimos de segurança para parceiros.

Ataques em Sistemas de Transporte e Armazenamento 

Os sistemas de gerenciamento de transporte (TMS), armazéns (WMS) e rastreamento em tempo real são cruciais para a logística, mas também alvos vulneráveis. 

Cibercriminosos podem explorar essas plataformas para redirecionar mercadorias, falsificar dados de entrega e interromper operações.

No transporte, ataques aos sistemas GPS e AIS podem desviar rotas sem detecção imediata.

Já no armazenamento, a manipulação de WMS possibilita a adulteração de inventários e expedições.

APIs integradas também podem ser exploradas para interceptar comunicações e liberar cargas sem autorização.

A mitigação exige criptografia de dados, segmentação de redes, auditorias frequentes e monitoramento contínuo para detecção de anomalias em tempo real.

Superfície de Ataque Ampliada com IoT e Automação

A digitalização trouxe avanços como rastreamento em tempo real via IoT, automação de armazéns e IA para otimização de rotas. 

No entanto, a expansão desses dispositivos sem medidas de segurança adequadas expõe empresas a ataques. 

Dispositivos IoT muitas vezes possuem credenciais padrão fracas e são alvos fáceis para invasões. 

Para proteger essas infraestruturas, é fundamental segmentar redes, utilizar criptografia robusta e implementar monitoramento contínuo para detectar anomalias.

Práticas de Proteção

O setor de logística, cada vez mais dependente de tecnologia para otimizar operações, enfrenta a crescente necessidade de fortalecer a segurança cibernética.

O recente ataque de ransomware à transportadora internacional JAS Worldwide, ocorrido em agosto de 2024, evidencia as ameaças significativas enfrentadas pelo setor.

O incidente resultou no vazamento de mais de 400 registros de dados, afetando serviços críticos como atendimento ao cliente e faturamento.

Embora a JAS não tenha confirmado o pagamento do resgate, fontes sugerem que os crackers possam ter extorquido a empresa.

Este ataque destaca a urgência de adotar práticas de proteção robustas e estratégias de cibersegurança baseadas em riscos, para identificar e mitigar vulnerabilidades.

Investir em segmentação de redes, monitoramento contínuo, defesa em profundidade, treinamento de colaboradores e gestão de fornecedores é crucial para garantir a continuidade dos negócios.

A seguir, abordamos as práticas essenciais para fortalecer a cibersegurança no setor de logística:

  • Abordagem baseada em riscos: empresas devem adotar uma estratégia de cibersegurança baseada em riscos, identificando vulnerabilidades nos sistemas e aplicando controles adequados. Isso inclui auditorias regulares, avaliação de riscos cibernéticos e monitoramento contínuo;
  • Segmentação de redes e gerenciamento centralizado: a segmentação de redes é essencial para isolar dispositivos IoT dos sistemas principais. Uma gestão centralizada de segurança permite a aplicação de políticas dinâmicas para mitigar riscos;
  • Defesa em profundidade: implementar múltiplas camadas de segurança, como firewalls, sistemas de detecção de intrusão (IDS) e MFA, pode reduzir significativamente a exposição a ataques;
  • Monitoramento contínuo e resposta a incidentes: a segurança deve ser monitorada continuamente para identificar ameaças e vulnerabilidades emergentes. O uso de IA para análise de padrões e respostas automatizadas pode reduzir o tempo de detecção e mitigação de ataques;
  • Treinamento e conscientização: programas de treinamento frequentes devem ser implementados para garantir que os funcionários saibam como reconhecer e responder a ameaças, como ataques de phishing e tentativas de engenharia social;
  • Gestão segura de fornecedores: as empresas devem estabelecer requisitos de segurança para fornecedores e parceiros, garantindo que todos sigam padrões rigorosos de proteção de dados.

Conclusão

A segurança logística vai além do corporativo, tornando-se uma prioridade estratégica nacional. 

Isso ocorre porque a economia de diversos países depende significativamente da exportação de cargas, especialmente pelo transporte marítimo.

Essa infraestrutura vital enfrenta uma crescente exposição a ataques cibernéticos, cujas consequências podem afetar diretamente a estabilidade econômica das nações.

Garantir a resiliência das operações logísticas exige investimentos coordenados entre governos, instituições e empresas privadas. 

A proteção dessa infraestrutura vital deve ser encarada como um esforço coletivo, pois a segurança logística está vinculada aos interesses econômicos e estratégicos do país.


Download disponível

Loading...

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Acessar
27 de Março 2025

[DZ Insight 2025] Como proteger o setor público contra ciberataques

Explore os desafios de segurança digital enfrentados pelo setor público e descubra estratégias para fortalecer a resiliência cibernética nessa área.

Acessar
27 de Janeiro 2025

[DZ Insight 2025] Como proteger o setor de manufatura contra ciberataques

Entenda os desafios de segurança enfrentados pelo setor de manufatura e descubra estratégias para aprimorar a ciber-resiliência nesse segmento.

Acessar
16 de Dezembro 2024

[DZ Insight 2024] Como proteger o setor de tecnologia contra ciberataques

Explore os principais desafios de segurança no setor de tecnologia e conheça medidas eficazes para reforçar a resiliência cibernética nessa área.