A cibersegurança é crucial em todos os setores, com desafios que variam conforme as características de cada área e os vetores de ataque predominantes.
Com base nessa diversidade, a equipe de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Diazero Security criou o projeto DZ Insight.
Essa iniciativa reúne artigos que exploram desafios de cibersegurança em diferentes setores, oferecendo análises claras e aprofundadas para ajudar profissionais a enfrentar riscos específicos.
Nosso objetivo é compartilhar conhecimento de forma gratuita, ajudando profissionais e organizações a navegar pelas complexidades da cibersegurança e a se preparar melhor para os riscos de seus setores.
Indústria
A inovação constante é um pilar essencial no setor de tecnologia, mas também traz consigo uma série de vulnerabilidades.
O rápido avanço tecnológico, como IoT e computação em nuvem, expande a superfície de ataque, tornando essas empresas especialmente suscetíveis a ciberataques.
Além disso, a expansão do modelo de trabalho remoto, amplificada pela pandemia, criou novos desafios de cibersegurança.
A dispersão dos funcionários e o uso de dispositivos pessoais dificultam o controle de acesso a dados sensíveis, facilitando ataques como phishing e engenharia social.
Essas infraestruturas digitais complexas, combinadas com a crescente dependência de dados valiosos, como informações pessoais e propriedade intelectual, têm tornado o setor um alvo atrativo para cibercriminosos.
Estudos demonstram essa crescente ameaça: em 2022, foram registrados 5,5 bilhões de ataques de malware contra empresas de tecnologia.
O custo médio de uma violação de dados no setor, por sua vez, atingiu US$ 5,45 milhões em 2024.
Desafios
Os principais desafios enfrentados pelo setor de tecnologia incluem:
Insider Threats
Ameaças internas são especialmente preocupantes no setor de tecnologia devido à combinação de propriedade intelectual valiosa e profissionais altamente qualificados.
As empresas de tecnologia frequentemente armazenam dados sensíveis e empregam especialistas que sabem identificar e potencialmente explorar essas informações.
Um dos maiores desafios é que os agentes internos possuem acesso autorizado e conhecimento privilegiado, tornando-os mais difíceis de detectar.
Funcionários insatisfeitos, descontentes com políticas ou tratamento da empresa, são uma fonte comum de ameaças internas.
Além disso, podem ser influenciados por terceiros, como empresas concorrentes que buscam vantagem desleal, ou até por Estados-nação interessados em roubar tecnologia e desestabilizar economias.
Motivações financeiras ou políticas frequentemente impulsionam essas ações, mas as consequências podem ser severas.
Vazamentos de dados podem comprometer a reputação da organização e causar prejuízos financeiros significativos, destacando a importância de monitoramento interno e políticas de segurança robustas.
Gestão de Open Source Library
Empresas de tecnologia fazem uso extensivo de bibliotecas open source para acelerar processos de desenvolvimento e impulsionar a inovação.
Contudo, essas bibliotecas podem conter vulnerabilidades de segurança que são frequentemente exploradas por atacantes, especialmente quando as dependências secundárias não passam por verificações adequadas.
Um exemplo marcante é a vulnerabilidade no Log4j (Log4Shell), identificada em 2021, que impactou diversas empresas de tecnologia ao comprometer sistemas que dependiam dessa biblioteca de registro baseada em Java.
Para mitigar esses riscos, é fundamental adotar ferramentas de análise de composição de software (SCA), implementar a aplicação automatizada de patches e realizar revisões regulares de segurança nas dependências.
Ameaças à Segurança de APIs
Empresas de tecnologia utilizam APIs de forma intensiva para gerenciar grandes volumes de dados e facilitar a integração entre diferentes aplicações.
No entanto, falhas na autenticação e no controle de acesso podem expor dados sensíveis e permitir o uso indevido dos serviços.
Por exemplo, um atacante pode obter acesso não autorizado roubando uma chave de API, permitindo acesso a informações de clientes ou gerando chamadas excessivas que consomem recursos indevidamente.
Para evitar esses riscos, é essencial implementar gateways de API e firewalls para aplicações web (WAF), adotar padrões de autenticação como OpenID Connect e configurar limites de uso (rate limiting) para as chamadas de API.
Vulnerabilidades em Ambientes Nativos de Cloud
Empresas de tecnologia frequentemente operam em ambientes baseados em cloud, utilizando tecnologias nativas como containers e Kubernetes para otimizar suas operações.
Contudo, esses ambientes apresentam riscos significativos, especialmente quando há configurações incorretas ou permissões de acesso excessivas.
Um exemplo comum é a configuração inadequada de buckets de armazenamento em nuvem, como os S3 da AWS, que pode levar à exposição pública de dados sensíveis de clientes na internet.
Para mitigar esses riscos, é fundamental adotar ferramentas de monitoramento de segurança em cloud (CSPM) e aplicar o princípio de privilégio mínimo no gerenciamento de acessos.
Além disso, é importante seguir as recomendações de segurança fornecidas pelos provedores de serviços em nuvem.
Práticas de Proteção
A cibersegurança no setor de tecnologia exige abordagens específicas e proativas, considerando as características únicas desse ambiente, como o uso intensivo de APIs, dependências de bibliotecas open source, e a adoção de tecnologias nativas em cloud.
Para enfrentar ameaças sofisticadas e minimizar riscos financeiros e reputacionais, é crucial adotar práticas de proteção alinhadas às vulnerabilidades do setor.
O recente caso do ataque de ransomware à CDK Global, um importante provedor de software para concessionárias, ilustra a gravidade dessas ameaças.
Em junho de 2024, o grupo de ransomware BlackSuit comprometeu os sistemas da empresa, afetando mais de 15.000 concessionárias na América do Norte e resultando no pagamento de cerca de US$ 25 milhões em criptomoedas.
Esse incidente, que resultou no segundo maior resgate já registrado — atrás apenas dos US$ 40 milhões pagos pela CNA Financial Corp. em 2021 —, evidencia a necessidade urgente de práticas eficazes de proteção.
Desde monitoramento contínuo até políticas rigorosas de acesso, estratégias bem definidas podem reduzir significativamente os riscos e proteger ativos críticos.
A seguir, exploramos algumas das práticas essenciais para fortalecer a cibersegurança no setor de tecnologia:
- Monitoramento Contínuo: manter vigilância 24/7 é crucial para empresas de tecnologia, permitindo detectar invasores e atividades anômalas, internas ou externas, como parte de uma gestão eficaz da superfície de ataque;
- Princípio do Menor Privilégio: restringir o acesso dos usuários ao mínimo necessário reduz o risco de vazamentos internos. Realize auditorias regulares para ajustar privilégios, especialmente após mudanças de função ou desligamentos;
- Proteção de APIs: APIs são um vetor crítico de ataque no setor de tecnologia. A implementação de gateways de API, firewalls de aplicações web (WAF) e autenticação robusta com padrões como OIDC (OpenID Connect) ajudam a proteger dados sensíveis e evitar abusos, como chamadas não autorizadas ou excessivas;
- Segurança em Ambientes Nativos de Cloud: com o aumento da dependência de tecnologias como containers e Kubernetes, a proteção de ambientes em nuvem requer configurações seguras, controle de permissões, e uso de ferramentas de monitoramento, como CSPM. Garantir o backup regular e estabelecer planos de recuperação também é essencial para minimizar impactos de incidentes.
Conclusão
O setor de tecnologia enfrenta desafios únicos devido à sua constante inovação e alta exposição a riscos.
A velocidade de transformação supera frequentemente a capacidade de adaptação às ameaças, exigindo uma abordagem estratégica integrada à segurança.
Com a interconectividade global e o volume de dados manipulados, a resiliência cibernética e a resposta rápida a incidentes tornam-se essenciais.
Somente ao alinhar proteção à inovação, as empresas podem sustentar a confiança e garantir um crescimento sustentável.