Ghost hacking: como funciona o golpe que usa dados de falecidos?

Veja como o golpe ghost hacking funciona e aprenda a garantir sua segurança online, bem como a proteger os dados de entes queridos falecidos.

01 de Abril 2024 | 18:00

Aprox. 12 minutos de leitura.


No mundo digital, a segurança das informações pessoais é uma preocupação crescente, e os cibercriminosos estão sempre procurando vulnerabilidades para explorar. Ao lado do golpe do boleto falso, uma das fraudes mais preocupantes atualmente é o chamado "ghost hacking". Trata-se de um golpe que visa usar os dados de pessoas falecidas para obter ganhos ilícitos.

Neste artigo, exploraremos em detalhes o funcionamento do ghost hacking e ilustraremos como os crackers executam seus ataques na prática. Além disso, abordaremos estratégias para salvaguardar desde já seus dados pessoais e medidas para proteger as contas de um parente falecido desse tipo de fraude.

Entender esses aspectos é essencial para manter a segurança digital pessoal e familiar em um ambiente cada vez mais conectado. Tenha uma ótima leitura!

O que é ghost hacking ou ghosting?

O ghost hacking ou ghosting é um golpe relativamente novo utilizado por cibercriminosos para roubar identidades de pessoas após suas mortes. Nesse tipo de fraude, os  crackers assumem o controle das redes sociais, e-mail e outras contas online de indivíduos falecidos. É comum que os fraudadores se aproveitem da falta de monitoramento dessas contas durante o luto para realizar as invasões.

O processo geralmente começa com os crackers buscando informações sobre recentes falecimentos, muitas vezes através de avisos de óbito online e memoriais virtuais. Após identificar o alvo, eles tentam invadir e assumir o controle das contas online da vítima, aproveitando-se da vulnerabilidade das informações deixadas sem monitoramento.

Uma vez dentro das contas, os crackers têm diferentes alternativas à sua disposição. Alguns optam por enviar spam, golpes e mensagens maliciosas para os contatos da vítima, enquanto outros focam em  fraudes financeiras propriamente ditas. Nesses casos, os crackers buscam obter informações pessoais suficientes para invadir contas de banco da vítima ou para roubar sua identidade póstuma, solicitando cartões de crédito, empréstimos e outros serviços financeiros em seu nome.

Como o golpe ghost hacking é executado?

O jornal DailyMail recentemente noticiou um caso de ghost hacking no Reino Unido que ilustra como os cibercriminosos atuam na prática.

A situação envolveu a britânica Melanie que, duas semanas após o falecimento de sua mãe, enfrentou uma situação perturbadora. Um familiar mais jovem de Melanie recebeu uma notificação em seu telefone, contendo uma mensagem do Facebook aparentemente enviada pela mãe falecida.

Como mencionado, o ghost hacking tende a empregar duas estratégias principais para obter vantagens econômicas. A primeira é a invasão e roubo das contas bancárias do falecido, enquanto a outra utiliza engenharia social para obter vantagens financeiras dos parentes enlutados.

No caso de Melanie, o cracker mobilizou a segunda estratégia ao entrar em contato com um membro da família na universidade, oferecendo uma suposta oportunidade de investimento lucrativa. Conforme o relato de Melanie, a situação foi especialmente difícil de resolver devido à dificuldade em contatar o Facebook e interromper a ação do cracker.

A história de Melanie destaca a importância de estarmos cientes de nossa presença digital e daqueles que nos cercam. É crucial, portanto, compreender que a proteção dos ativos digitais deve começar durante a vida e continuar mesmo após o falecimento.

Como planejar a proteção dos seus dados?

Proteger suas contas e dados é essencial para manter sua segurança online e garantir a integridade de suas informações pessoais. Ao seguir essas práticas de segurança cibernética, você estará mais preparado para enfrentar possíveis ameaças digitais:

  • Utilize senhas fortes e exclusivas: crie senhas robustas para suas contas e dispositivos, evitando reutilizá-las em diferentes plataformas. Assim, mesmo que uma senha seja comprometida, dificulta-se o acesso dos crackers às demais. Considere o uso de um gerenciador de senhas, que armazena e gera senhas complexas com segurança, garantindo que você não precise memorizá-las e facilitando a atualização regular das mesmas;
  • Adote autenticação de dois fatores: habilitar a autenticação de dois fatores em suas contas adiciona uma camada extra de segurança. Ao exigir um código enviado para seu telefone ou e-mail além da senha de login,  o recurso dificulta ainda mais o acesso não autorizado;
  • Planeje sua herança digital: inclua ativos digitais em seu planejamento patrimonial e defina quem será responsável por sua vida digital após sua morte. Compile um inventário detalhado de todas as suas contas e ativos digitais, facilitando o acesso para a pessoa designada. Plataformas como o Facebook e o Google permitem inclusive a configuração de um contato legado capaz de assumir a gestão da conta após o óbito.

Como proteger os dados de um parente falecido do ghost hacking?

O Google e o Facebook oferecem opções para ajudar a garantir a segurança e privacidade das informações de usuários falecidos. Nesta seção, exploraremos os passos práticos para proteger os perfis nessas plataformas após o falecimento de um ente querido.

Protegendo o conta do Facebook

Quando o Facebook recebe a informação sobre o falecimento de um usuário, sua política padrão é converter a conta em um memorial. As contas transformadas em memorial servem como um espaço onde amigos e familiares podem compartilhar memórias em homenagem ao falecido. Além disso, essa conversão ajuda a proteger a conta, evitando que outras pessoas acessem. 

Contudo, os familiares também têm a opção de solicitar que a plataforma exclua a conta caso desejem. Abaixo, detalhamos os procedimentos para cada uma dessas opções.

Memorialização

Para memorializar a conta de um ente querido falecido no Facebook, siga estas etapas:

  1. Reúna uma prova de óbito, como certidão de óbito ou obituário, e uma prova de autoridade, como procuração ou certidão de nascimento;
  2. Faça login no Facebook e acesse a Central de Ajuda;
  3. Procure por "Solicitação para memorizar ou excluir uma conta" na barra de pesquisa ou clique aqui para ir diretamente para a página;
  4. Selecione a primeira opção, clique em "entre em contato conosco" e preencha o formulário fornecendo informações solicitadas;
  5. Aguarde o retorno do Facebook.

Exclusão permanente

Para solicitar a exclusão permanente da conta do seu parente falecido, siga estas etapas:

  1. Reúna uma prova de óbito, como certidão de óbito ou obituário, e uma prova de autoridade, como procuração ou certidão de nascimento;
  2. Faça login no Facebook e acesse a Central de Ajuda;
  3. Busque por “Solicitação para memorizar ou excluir uma conta” na barra de pesquisa ou clique aqui para ir direto para a página;
  4. Selecione a segunda opção, clique em "envie sua solicitação" e preencha o formulário fornecendo informações solicitadas;
  5. Aguarde o retorno do Facebook.

Protegendo o conta do Google

O Google tem uma política de colaboração com familiares e representantes legais para encerrar a conta de uma pessoa falecida, quando necessário. 

Em determinadas situações, o Google pode permitir o acesso ao conteúdo da conta do usuário falecido. Em todos os casos, o Google defende que seu objetivo é garantir a segurança, proteção e privacidade das informações dos usuários. Por isso, não são compartilhadas senhas ou outros detalhes de login. 

Além disso, qualquer decisão relacionada a solicitações sobre contas de usuários falecidos é cuidadosamente analisada antes de ser tomada.

Para solicitar o fechamento da conta Google de um parente falecido basta seguir as seguintes etapas: 

  1. Reúna seu documento de identificação, o atestado de óbito do parente falecido e quaisquer outros documentos relevantes que possam auxiliar o Google a compreender melhor o seu caso;
  2. Faça login no Google e acesse a Central de Ajuda da Conta Google;
  3. Procure por "Enviar uma solicitação a respeito da conta de um usuário falecido" na barra de pesquisa ou clique aqui para ir direto para a página;
  4. Selecione a opção “Fechar a conta de um usuário falecido” e preencha o formulário com as informações solicitadas.

Conclusão

Em um mundo digital cada vez mais interconectado, o ghost hacking emerge como mais uma ameaça à segurança dos nossos dados. 

Ao longo deste artigo, exploramos os meandros desse golpe, desde sua definição até as estratégias utilizadas pelos crackers para obter vantagens ilícitas. Discutimos também a importância de planejar a proteção das nossos próprios dados, bem como as medidas necessárias para proteger as informações de entes queridos falecidos.

É fundamental estar ciente dos riscos associados ao ghost hacking e implementar práticas de segurança robustas em nossa vida digital. Com a adoção de medidas preventivas, podemos fortalecer nossa segurança online e proteger os dados daqueles que amamos contra os perigos do mundo cibernético.


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