O programa CVE é um dos pilares da segurança cibernética global, essencial para identificar e mitigar vulnerabilidades em escala.
Nesta semana, a possibilidade de interrupção do seu financiamento pelo governo dos EUA acendeu um importante sinal de alerta para toda a comunidade de cibersegurança.
Neste artigo, exploramos os riscos de uma eventual descontinuidade, a resposta emergencial ao impasse e como as organizações podem se preparar para fortalecer sua resiliência diante desse cenário.
A importância do programa CVE para a cibersegurança
O Common Vulnerabilities and Exposures (CVE) é um dos pilares da segurança cibernética global.
Criado em 1999 e operado pela MITRE Corporation, o programa serve como uma referência centralizada para falhas de segurança publicamente conhecidas.
Os identificadores CVE são utilizados por governos, empresas e profissionais de segurança para rastrear, mitigar e comunicar vulnerabilidades.
A relevância do programa vai muito além dos Estados Unidos da América (EUA).
Trata-se de uma infraestrutura crítica que apoia o ecossistema global de segurança digital, permitindo ações coordenadas contra ciberameaças — desde campanhas de ransomware até vulnerabilidades de zero-day.
O risco de interrupção e a resposta emergencial
Nesta semana, a notícia de que o contrato entre o Departamento de Segurança Interna dos EUA e o MITRE não seria renovado causou preocupação imediata.
A interrupção afetaria não só a continuidade do banco de dados, mas também a capacidade das empresas em responder rapidamente a novas vulnerabilidades.
Felizmente, a Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura (CISA) interveio, renovando o contrato com a MITRE em uma reviravolta de última hora.
Mesmo assim, o episódio expôs a fragilidade de depender de um único contrato governamental para sustentar uma base de dados crítica à segurança global.
Possíveis consequências de uma futura interrupção
Apesar da renovação emergencial, o episódio levanta a questão: “E se o financiamento for cortado novamente?”
A interrupção do programa CVE poderia gerar:
- Atrasos na divulgação de vulnerabilidades, dificultando a resposta rápida de profissionais de segurança;
- Fragmentação das fontes de inteligência de ameaças, forçando empresas a recorrerem a bancos de dados alternativos, nem sempre padronizados;
- Maior exposição a ataques cibernéticos, especialmente em infraestruturas críticas;
- Impacto na confiança global, já que o CVE é utilizado por ferramentas de gestão de vulnerabilidades em escala internacional.
Alternativas e resiliência do ecossistema digital
Embora a MITRE seja a principal operadora do CVE, existem outras Autoridades de Nomeação de CVE (CNAs) autorizadas a emitir identificadores.
Além disso, a base de dados de vulnerabilidades do NIST (NVD) — que utiliza os IDs do CVE — permanece ativa e não foi impactada.
Contudo, especialistas alertam que a suspensão da emissão de novos CVEs comprometeria a atualização desses bancos e ferramentas, afetando diretamente a postura de segurança de milhares de organizações.
O que as empresas podem fazer?
Enquanto o futuro do financiamento permanece incerto, as organizações precisam diversificar suas fontes de inteligência e adotar estratégias mais resilientes.
Algumas recomendações incluem:
- Monitorar bases alternativas como a lista de vulnerabilidades exploradas conhecidas (KEV) da CISA;
- Fortalecer o relacionamento com fornecedores de software e segurança, para acesso direto a alertas de vulnerabilidades;
- Utilizar ferramentas de gestão de vulnerabilidades que integrem múltiplas fontes de dados;
- Participar de iniciativas comunitárias e apoiar a sustentabilidade de projetos abertos e críticos para a segurança digital.
Conclusão
O episódio envolvendo o programa CVE destaca a urgência de soluções mais sustentáveis na gestão global de vulnerabilidades.
Apesar da renovação do contrato com a MITRE, a dependência de um único operador segue sendo um ponto crítico.
O CVE é fundamental para a cibersegurança — inclusive na Diazero Security, onde é usado para padronizar a identificação de vulnerabilidades, threat hunting e resposta a incidentes.
Garantir a continuidade desse recurso é essencial para proteger empresas e infraestruturas em escala global.