Ataque de dia zero: tendências atuais e estratégias de mitigação

Explore o conceito, o ciclo de vida e as tendências atuais dos ataques de dia zero, além de estratégias práticas para mitigá-los.

29 de Janeiro 2025 | 14:30

Aprox. 13 minutos de leitura.


Os ataques de dia zero estão entre os desafios mais complexos da segurança cibernética moderna.

Aproveitando vulnerabilidades desconhecidas, esses ataques oferecem aos invasores uma vantagem significativa sobre desenvolvedores e equipes de segurança, comprometendo redes, dados sensíveis e sistemas críticos.

Com impacto crescente em diversos setores, eles demandam atenção constante e estratégias específicas de mitigação.

Neste artigo, explicaremos o conceito de ataque de dia zero e detalharemos o ciclo de vida de uma vulnerabilidade desse tipo.

Além disso, exploraremos cinco tendências recentes que estão moldando o cenário dessas ameaças e apresentaremos estratégias práticas para reduzir os riscos associados.

O que é um ataque de dia zero?

Um ataque de dia zero, ou zero-day attack em inglês, explora uma vulnerabilidade de software desconhecida tanto pelos desenvolvedores quanto pelas equipes de cibersegurança.

O termo "dia zero" refere-se ao fato de que não houve "nenhum dia" para desenvolver uma correção (patch) ou atualização antes que a falha fosse explorada.

É crucial diferenciar os conceitos associados:

  • Vulnerabilidade de dia zero: é a própria falha de segurança no software, uma brecha que permite a execução de código malicioso;
  • Exploit de dia zero: é a técnica ou o código malicioso usado para tirar proveito da vulnerabilidade. É o "como" o ataque é realizado;
  • Ataque de dia zero: é a ação em si, quando um invasor utiliza um exploit zero-day para comprometer um sistema, geralmente disseminando malware.

Em resumo, um ataque de dia zero ocorre quando um cracker utiliza um exploit para explorar ativamente uma vulnerabilidade antes que uma solução esteja disponível. 

Isso torna esse tipo de ataque uma ameaça crítica, pois não há defesa imediata para conter sua exploração.

O ciclo de vida de uma vulnerabilidade de dia zero

Uma vulnerabilidade de dia zero existe desde o lançamento de um software, aplicativo ou dispositivo, porém, o fornecedor ou fabricante desconhece sua existência. 

Essa falha pode permanecer oculta por dias, meses ou até anos, até ser descoberta. 

O cenário ideal é que pesquisadores de segurança ou desenvolvedores a identifiquem antes de cibercriminosos. 

Contudo, frequentemente, os agentes maliciosos encontram a vulnerabilidade primeiro.

A descoberta, por qualquer parte, geralmente leva à publicização da falha. 

Fornecedores e profissionais de segurança alertam os usuários para que tomem precauções. 

Crackers também compartilham a informação entre si, e pesquisadores podem detectá-la monitorando atividades criminosas online. 

A tentativa de alguns fornecedores de manter a vulnerabilidade em sigilo até a correção é arriscada, pois a descoberta por atacantes antes do patch expõe as organizações.

A partir da descoberta, inicia-se uma corrida: de um lado, profissionais de segurança buscando uma solução; de outro, crackers desenvolvendo um exploit zero-day para explorar a falha e invadir sistemas. 

O exploit é então usado para lançar ataques cibernéticos.

A criação de exploits costuma ser mais rápida que o desenvolvimento de patches. 

Estimativas apontam que exploits surgem em até 14 dias após a divulgação da vulnerabilidade. 

Contudo, o início de ataques de dia zero geralmente acelera o lançamento de patches em poucos dias

Os fornecedores aproveitam as informações dos ataques para localizar e corrigir as vulnerabilidades.

Assim, embora perigosas, as vulnerabilidades de dia zero raramente são exploradas por longos períodos.

5 tendências de ataques de dia zero em 2024

Em 2024, a exploração dessas vulnerabilidades apresentou tendências preocupantes, indicando os alvos preferenciais dos criminosos e as táticas em ascensão. 

Abaixo, destacamos cinco das principais tendências que as equipes de segurança da informação precisam monitorar de perto:

1. Ataque de dia zero contra segurança de rede

Ataques de dia zero a dispositivos de borda de rede, como gateways VPN, firewalls e sistemas de balanceamento, tornaram-se prioritários devido à sua posição estratégica. 

Sua complexidade e a visibilidade limitada de seu código os tornam vulneráveis, facilitando o acesso a redes corporativas. 

Em 2024, explorações foram direcionados a fornecedores como Ivanti, Citrix, Fortinet, Palo Alto Networks, Cisco e Check Point, impactando a infraestrutura crítica. 

Cadeias de exploração, combinando múltiplas vulnerabilidades, tornaram-se frequentes, ampliando os danos. 

A sofisticação dos ataques evidencia a necessidade de reforçar a segurança desses dispositivos, reduzindo superfícies de ataque e mitigando riscos.

2. Ataque de dia zero contra gerenciamento remoto e monitoramento (RMM)

Ferramentas de RMM, usadas para gerenciar remotamente sistemas, continuam sendo abusadas por atacantes, principalmente por initial access brokers que trabalham para grupos de ransomware. 

A exploração de vulnerabilidades nessas ferramentas permite a persistência na rede corporativa e facilita a invasão. 

A exploração de vulnerabilidades de dia zero no ConnectWise ScreenConnect em 2024 demonstra a continuidade desse vetor de ataque.

3. Ataque de dia zero contra softwares de transferência gerenciada de arquivos (MFT)

Grupos de ransomware também têm como alvo softwares MFT para obter acesso inicial às redes corporativas. 

A exploração de vulnerabilidades de gravação arbitrária de arquivos em produtos como Cleo LexiCom, VLTrader e Harmony, bem como as vulnerabilidades encontradas no MOVEit Transfer, mostram a persistência desse tipo de ataque. 

A recorrência de ataques a produtos MFT sugere uma busca contínua por vulnerabilidades nessas soluções, tornando-as um alvo constante.

4. Ataque de dia zero contra Integração Contínua/Entrega Contínua (CI/CD)

Ferramentas de CI/CD são alvos valiosos para cibercriminosos, especialmente quando expostas à internet, facilitando ataques à cadeia de suprimentos de software.

A descoberta de uma falha de path traversal no Jenkins e a exploração de vulnerabilidades no JetBrains TeamCity exemplificam essa tendência. 

A rápida adoção de exploits para essas vulnerabilidades, mesmo após a disponibilização de patches, reforça a necessidade de aplicação ágil de correções.

5. Ataque de dia zero contra contra IAs e modelos de machine learning 

A rápida adoção de chatbots de IA e modelos de aprendizado de máquina abriu novos caminhos para ciberataques. 

Configurações inseguras e vulnerabilidades em frameworks, bibliotecas e plataformas de IA oferecem aos atacantes acesso à propriedade intelectual sensível, como modelos de IA personalizados e dados de treinamento, ou pelo menos um ponto de apoio nos servidores subjacentes. 

A exploração de vulnerabilidades em Jupyter Notebooks e a descoberta de diversas vulnerabilidades em projetos de aprendizado de máquina demonstram a necessidade de maior atenção à segurança nesse novo campo.

Estratégias para proteger sua empresa de ataques de dia zero

Embora a proteção absoluta contra ataques de dia zero seja impossível, diversas estratégias podem mitigar significativamente os riscos. 

Abaixo, destacamos cinco medidas cruciais:

  • Gestão de patches: manter softwares e sistemas atualizados é uma das defesas mais importantes, mesmo contra ameaças de dia zero. A gestão de patches envolve identificar, testar e implementar atualizações de forma ágil e eficiente; 
  • Gerenciamento de vulnerabilidades: implementar um processo contínuo de identificação, avaliação e correção de vulnerabilidades 
  • é fundamental. Embora não impeça ataques de dia zero, ele reduz a superfície de ataque e dificulta a movimentação lateral de invasores após a exploração da vulnerabilidade. Ferramentas automatizadas de varredura de vulnerabilidades e análise de código ajudam a identificar falhas antes que sejam exploradas;
  • Firewall de Aplicação Web (WAF): um WAF protege as aplicações web, filtrando o tráfego HTTP/HTTPS e bloqueando ataques comuns, como injeção de SQL e XSS. Embora não impeça todos os ataques de dia zero, um WAF bem configurado pode mitigar a exploração de certas vulnerabilidades, fornecendo proteção extra;
  • Monitoramento e detecção avançados: implementar soluções de monitoramento de segurança, como SIEM e XDR, para detectar atividades suspeitas e anomalias no ambiente de TI. A detecção precoce de comportamentos anormais, mesmo sem uma assinatura específica para um exploit de dia zero, pode permitir uma resposta rápida e minimizar danos;
  • Resposta a incidentes: ter um plano de resposta a incidentes bem definido e testado é crucial. Este plano deve descrever os procedimentos a serem seguidos em caso de um ataque, incluindo isolamento de sistemas afetados, análise forense, recuperação de dados etc. Uma resposta rápida e eficaz pode limitar o impacto de um ataque de dia zero.

Conclusão

Os ataques de dia zero representam uma ameaça constante, mas com as estratégias e ferramentas certas, os riscos podem ser significativamente mitigados.

A Diazero Security oferece soluções de cibersegurança de Hyper Performance, totalmente personalizadas para atender às necessidades da sua empresa.

Como MSS Providers (MSSP), combinamos gestão de vulnerabilidades, monitoramento contínuo e resposta ágil a incidentes, garantindo uma proteção robusta e eficaz.

Nossa abordagem, focada na redução de custos, aumento da produtividade e maior visibilidade de riscos, transforma a cibersegurança em um diferencial estratégico para o seu negócio.

Entre em contato e descubra como podemos auxiliar na proteção contra ataques de dia zero e na construção de um ambiente digital mais resiliente.


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