Intrusion Detection System (IDS): tipos e usos em infosec

Explore os fundamentos dos Intrusion Detection System (IDS) com base no NIST SP 800-31, incluindo seus tipos, benefícios e métodos de detecção.

18 de Julho 2025 | 14:00

Aprox. 12 minutos de leitura.


Com ataques cada vez mais sofisticados, os sistemas Intrusion Detection System (IDS) tornaram-se essenciais para proteger ativos digitais em um cenário de interconectividade global crescente.

Apesar do papel ainda relevante de soluções como firewalls e antivírus, elas nem sempre conseguem detectar atividades maliciosas em curso. 

É justamente nesse ponto que os IDSs se destacam — oferecendo visibilidade, alertas precisos e, em muitos casos, respostas automatizadas a ameaças.

Neste artigo, exploramos os fundamentos dos Intrusion Detection Systems com base na Special Publication 800-31 do NIST (National Institute of Standards and Technology). 

Abordaremos os principais benefícios, aplicações, tipos e métodos de detecção dessas soluções, essenciais para o fortalecimento das estratégias de segurança da informação.

1. O que é um Intrusion Detection System (IDS)?

Um Intrusion Detection System (IDS) é uma solução de segurança que monitora redes e sistemas em busca de atividades suspeitas. 

Seu objetivo é identificar possíveis violações, como ataques cibernéticos, acessos não autorizados ou uso indevido de recursos.

Ele pode ser implementado como um software, hardware ou uma combinação de ambos, e opera de forma passiva ou ativa, dependendo de sua configuração.

Na prática, o IDS realiza três funções básicas:

  1. Coleta de informações: obtém dados de diferentes fontes, como pacotes de rede, logs de sistema ou eventos de aplicativos;
  2. Análise: processa os dados coletados em busca de comportamentos anômalos ou padrões conhecidos de ataques;
  3. Resposta: notifica os administradores ou toma medidas automáticas, como bloquear conexões ou gerar relatórios.

A detecção pode ocorrer em tempo real, analisando dados à medida que trafegam pela rede, ou em modo batch, com base em registros anteriores. 

O IDS também pode operar em arquiteturas centralizadas ou distribuídas, conforme as necessidades da organização.

2. Benefícios do Intrusion Detection System (IDS)

O Intrusion Detection System (IDS) oferece vantagens estratégicas para a segurança cibernética:

  • Identificação de ataques não contidos por outros mecanismos: mesmo com firewalls e antivírus, muitos ataques passam despercebidos. O IDS atua como uma segunda linha de defesa;
  • Detecção precoce de ameaças: IDSs conseguem identificar sondagens e testes que precedem ataques reais, como varreduras de porta ou tentativas de exploração;
  • Documentação e auditoria: eles geram evidências detalhadas sobre atividades maliciosas, o que é essencial para investigações forenses ou auditorias de conformidade;
  • Aprimoramento da postura de segurança: ao fornecer dados sobre as ameaças reais enfrentadas, os IDSs ajudam na definição de prioridades e ajustes de políticas de segurança;
  • Dissuasão de atacantes: a presença de um IDS aumenta a percepção de risco para invasores, atuando como elemento de dissuasão.
  • Qualidade no design de segurança: eles permitem avaliar a eficácia de configurações de segurança e detectar falhas em tempo de execução.

3. Aplicações do Intrusion Detection System (IDS)

As soluções de Intrusion Detection System (IDS) são aplicáveis em diversas frentes:

  • Ambientes corporativos: monitoramento de tráfego interno e externo, com foco em proteger ativos críticos e identificar comportamentos anômalos de usuários;
  • Serviços financeiros: detecção de fraudes, acessos indevidos e monitoramento contínuo de transações;
  • Infraestruturas críticas: em setores como energia, telecomunicações e saúde, IDSs são usados para proteger sistemas SCADA e dispositivos IoT;
  • Conformidade regulatória: apoiam na aderência a normas como ISO 27001, PCI-DSS e LGPD, fornecendo trilhas de auditoria e alarmes de incidentes;
  • Educação e pesquisa: universidades e centros de pesquisa utilizam IDSs para detectar ataques de ransomware, phishing e comportamentos abusivos na rede.

4. Tipos de Intrusion Detection System (IDS)

Os IDSs são classificados principalmente de acordo com a fonte de informação monitorada. 

Confira abaixo os três tipos principais de Intrusion Detection System (IDS).

4. 1. IDS baseado em rede (NIDS – Network-based IDS)

Esse tipo monitora o tráfego de rede em tempo real para detectar pacotes maliciosos. 

É geralmente instalado em pontos estratégicos da rede, como roteadores, firewalls ou switches.

Vantagens:

  • Pode monitorar múltiplos hosts com uma única instância;
  • Geralmente opera em modo passivo, sem impacto perceptível na rede;
  • Funciona de forma invisível, dificultando sua detecção por atacantes.

Desvantagens:

  • Dificuldade de análise em redes criptografadas;
  • Pode perder pacotes em ambientes de alta volumetria;
  • Nem sempre consegue determinar se um ataque foi bem-sucedido.

4.2. IDS baseado em host (HIDS – Host-based IDS)

Opera diretamente nos dispositivos finais, como servidores ou estações de trabalho, monitorando logs de sistema e comportamento de processos.

Vantagens:

  • Capaz de detectar ataques internos ou manipulações de arquivos;
  • Funciona mesmo em ambientes criptografados, pois opera após a descriptografia;
  • Ideal para ambientes de rede segmentada ou com tráfego confidencial.

Desvantagens:

  • Requer instalação individual em cada host;
  • Maior consumo de recursos do sistema;
  • Pode ser desativado se o host for comprometido.

4.3. IDS baseado em aplicação (AppIDS)

Foca em aplicativos específicos, como servidores web ou bancos de dados. Analisa interações em nível de transação.

Vantagens:

  • Detecta abusos de autorização e comportamento fora do esperado por usuários legítimos;
  • Pode operar em ambientes criptografados, ao interagir com os dados após a decodificação.

Desvantagens:

  • Cobertura limitada a aplicações específicas;
  • Menos eficaz para detectar ataques no nível de sistema operacional ou rede.

5. Métodos de detecção empregados pelo IDS

Os métodos de detecção são o coração de qualquer IDS. Os dois principais paradigmas são:

5.1. Detecção por assinatura (Misuse Detection)

Funciona comparando eventos com um banco de dados de padrões conhecidos de ataques (assinaturas). 

É o método predominante em soluções comerciais.

Vantagens:

  • Alta precisão na detecção de ataques conhecidos;
  • Baixo índice de falsos positivos;
  • Fácil correlação com ferramentas de resposta a incidentes.

Desvantagens:

  • Incapaz de detectar ameaças desconhecidas ou variantes;
  • Requer atualização constante do banco de assinaturas.

5.2. Detecção por anomalia (Anomaly Detection)

Analisa comportamentos e padrões estatísticos para identificar desvios do “normal”. 

Usa técnicas como machine learning, análise estatística e redes neurais.

Vantagens:

  • Capaz de detectar ataques novos ou desconhecidos;
  • Pode gerar dados para alimentar assinaturas futuras.

Desvantagens:

  • Alto índice de falsos positivos;
  • Exige períodos de aprendizado e bases de dados históricos robustas.

5.3. Técnicas híbridas

A maioria dos IDS modernos adota modelos híbridos, combinando as vantagens das duas abordagens. 

Por exemplo, um IDS pode usar assinaturas para identificar ataques conhecidos e monitorar padrões de tráfego em tempo real para detectar comportamentos anômalos.

6. Conclusão

O IDS é uma peça essencial da arquitetura de segurança da informação, atuando como sensor inteligente para proteger redes, sistemas e aplicações contra ameaças em constante evolução. 

No entanto, sua eficácia depende de:

  • Uma boa estratégia de implantação (posição na rede, cobertura de hosts críticos);
  • Equipes capacitadas para interpretar e reagir aos alertas;
  • Integração com outros mecanismos de defesa, como SIEM, firewalls e SOAR.

Além disso, o IDS não substitui outras medidas de proteção, mas as complementa, fornecendo visibilidade contínua, contexto e capacidade de resposta a incidentes.

Investir em um IDS é investir em visibilidade, vigilância e resiliência, pilares essenciais de qualquer estratégia de segurança da informação moderna.


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