Proteção contra deepfake: como prevenir o uso malicioso de IA

Explore como os deepfakes estão sendo usados em fraudes e ataques digitais e conheça estratégias eficazes para se prevenir contra essa ameaça.

20 de Maio 2025 | 15:40

Aprox. 9 minutos de leitura.


Por Cristiano Pimenta 

A ascensão da inteligência artificial (IA) tem proporcionado avanços impressionantes em diversas áreas, incluindo a criação de conteúdos visuais e sonoros altamente realistas. 

Entre essas inovações está o fenômeno dos deepfakes – mídias sintéticas geradas por IA que simulam rostos, vozes e comportamentos humanos com incrível precisão. 

Embora essas tecnologias tenham aplicações legítimas, seu uso malicioso tem crescido de forma alarmante.

Com a facilidade de disseminação de vídeos e áudios falsificados, aumentam os riscos de fraudes financeiras, ataques à reputação e manipulação de informações em larga escala. 

Neste artigo, discutiremos o funcionamento dos deepfakes, os riscos associados, os métodos atuais de detecção e, principalmente, as estratégias que indivíduos e organizações podem adotar para se proteger.

O que são deepfakes e mídia sintética?

Deepfakes são conteúdos manipulados digitalmente por meio de IA, com foco especial em tecnologias como deep learning, autoencoders e Redes Adversárias Generativas (GANs)

A mídia sintética vai além dos deepfakes tradicionais, abrangendo qualquer conteúdo audiovisual criado artificialmente.

Entre os usos legítimos, destacam-se produções cinematográficas, acessibilidade para pessoas com deficiência e reconstituições históricas. 

Contudo, a tecnologia também tem sido usada para gerar conteúdos falsos com finalidades enganosas ou criminosas – como golpes financeiros, pornografia não consensual e fake news.

O impacto ético e social dessas práticas é profundo: erosão da confiança pública, danos psicológicos e comprometimento da integridade de instituições e indivíduos.

Como os deepfakes são criados

A criação de um deepfake envolve o uso de redes neurais treinadas com grandes volumes de dados (fotos, vídeos, áudios) de uma pessoa. 

Os autoencoders aprendem a comprimir e reconstruir imagens, enquanto as GANs usam duas redes em competição: uma gera imagens falsas, e a outra tenta distingui-las das reais.

Com o tempo, esse processo evolui até que a rede geradora consiga produzir conteúdos indistinguíveis dos reais. 

Vozes são clonadas por IA treinada com minutos de fala, e movimentos faciais são replicados com base em vídeos de referência.

A crescente sofisticação dessas técnicas tem tornado os deepfakes cada vez mais convincentes, exigindo mecanismos avançados de identificação e mitigação.

Riscos e usos maliciosos dos deepfakes

Deepfakes maliciosos já causam sérios danos:

  • Fraudes financeiras: criminosos se passam por executivos ou familiares para induzir transferências bancárias. Casos reais já ocorreram no Brasil e no exterior.
  • Desinformação política: líderes são retratados dizendo ou fazendo coisas que nunca ocorreram, influenciando a opinião pública em eleições e crises.
  • Ataques à reputação: vídeos falsos têm sido usados para destruir a imagem de figuras públicas e profissionais, com consequências legais e emocionais.

Segundo o Sumsub Identity Fraud Report 2024, o uso de deepfakes com finalidade fraudulenta quadruplicou globalmente entre 2023 e 2024. 

Na América Latina e Caribe, o crescimento também foi expressivo: um aumento de 255% no mesmo período.

No Brasil, a Febraban alertou para o uso de vídeos falsos em golpes bancários com idosos e pequenos empresários.

Métodos e ferramentas para detecção de deepfakes

A detecção de deepfakes tem evoluído com ferramentas específicas, como:

Além disso, análises visuais (sombras, frequência de piscadas, sincronia labial) e auditivas (entonação, timbre) ajudam na identificação. 

A análise de metadados do arquivo também pode revelar edições não autorizadas.

Porém, a IA que cria deepfakes também aprende a contornar esses mecanismos.

Isso reforça a importância da verificação humana, especialmente em contextos críticos como justiça, jornalismo e transações financeiras.

Estratégias de prevenção e proteção contra deepfakes

Para enfrentar os riscos dos deepfakes, é essencial combinar ações individuais, políticas corporativas e tecnologias emergentes de proteção e detecção.

Medidas individuais

  • Verifique a identidade de quem solicita informações ou dinheiro.
  • Ative a autenticação multifator (MFA) em todas as contas sensíveis.
  • Use senhas fortes e exclusivas.
  • Evite expor imagens e vídeos desnecessários nas redes sociais.
  • Mantenha antivírus e software atualizados.

Medidas corporativas

  • Treine os colaboradores para reconhecer sinais de deepfakes.
  • Implemente políticas de uso de mídia e autenticação de fontes.
  • Proteja seus servidores e dados com criptografia e monitoramento contínuo.
  • Use ferramentas de detecção de mídia sintética em processos críticos.

Tecnologias emergentes

  • Blockchain: para autenticar e rastrear a origem de vídeos.
  • Digital Watermarking: inserção de sinais invisíveis que dificultam a edição.
  • IA adversarial defensiva: algoritmos que dificultam a criação de deepfakes realistas.

O futuro da proteção contra deepfakes

Nos próximos anos, veremos:

  • O avanço de tecnologias antifalsificação, como IA híbrida e biometria comportamental.
  • Campanhas de educação digital e alfabetização midiática se tornando essenciais.
  • A criação de leis mais específicas e severas contra o uso malicioso de mídia sintética.
  • A colaboração entre empresas de tecnologia, governos e ONGs para estabelecer padrões de confiança e rastreabilidade de conteúdo.

O desafio ético permanece: como equilibrar a liberdade criativa com a segurança da informação?  

A ameaça dos deepfakes é real, crescente e exige ação imediata, é necessário cultivar uma postura crítica, vigilante e consciente. 

A proteção contra deepfakes não depende apenas de tecnologia, mas da responsabilidade coletiva em reconhecer e combater o uso malicioso dessa poderosa inovação.


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